Elaine Moraes: andanças, mudanças e prática psicoterapêutica

Texto de Elaine Moraes

Nesse ano, acabei impulsionando uma mudança radical. Coloquei tudo que é meu dentro de um carro e decidi morar no Pantanal, mais especificamente em Piraputanga, região que minha família materna mora. Há 5 meses, moro numa casa rodeada por natureza, montanhas, animais e um rio límpido no qual tomo banho quase todos os dias. 

Poder receber toda ancoragem das raízes da minha etnia para seguir atuando nessa dimensão da psicologia e da ancestralidade afro-ameríndia, tem sido muito precioso. Meu consultório se tornou on-line, não tem mais barulho de carro passando e nem de prédio sendo construído, mas, tem o som dos passarinhos, das araras, do cavalo, do galo.

Aqui o tempo passa diferente, ele vem devagar, é mais cíclico como a natureza ao redor. E

sentir esses contrastes da vida aqui e da vida de antes, tem me inspirado a continuar mergulhando nesse caminho de experimentar essas temporalidades e trazer isso para dentro da prática psicoterapêutica.

Tenho aprendido também as sabedorias das plantas com as mulheres da minha família e isso também tem expandido o meu olhar para um reconhecimento dessas práticas ancestrais e de cura que os nossos povos originários trazem. Portanto, me sinto sendo guiada por um sonho profundo de honrar a história e o lugar de origem dos meus antepassados que lutaram por sua existência nessa região. Tenho pensado em projetos educativos, sociais e sustentáveis e que valorizam a cultura local. E, num futuro próximo, pretendo construir um centro integrativo de práticas, curas e medicinas ancestrais. Estou sedenta por parcerias na construção desses projetos.

Costumo dizer que, depois de tanto andar por aí, finalmente, me sinto em casa. E nesse velho/novo lar, quero trazer tudo de significativo que encontrei pelas minhas andanças.