Compartilhamos aqui neste post algumas referências da nossa pesquisa sobre comunicação, aceleração, autoria e humanização.
ACOSTA, Alberto. O bem-viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Ed. Elefante. 2016
O Bem viver é um conceito aberto, de origem latino-americana, que se apresenta como contribuição genuína ao debate da esquerda mundial do século 21. É um olhar que se alinha ao do decrescimento enquanto resistência aos paradigmas pós-desenvolvimentistas.
CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
Série de conferências do escritor italiano (que não chegaram a ser proferidas) sobre qualidades que a literatura é capaz de salvar e que ele apontou para serem conservadas neste milênio que vivemos: leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência.
CONTRERA, Malena Segura. Vínculo Comunicativo. In: MARCONDES FILHO, C. J. R. (Org.) Dicionário de comunicação. São Paulo: Paulus, 2014.
Contrera, afirma que “podemos considerar a contribuição do estudo dos vínculos comunicativos para um alargamento da compreensão sobre os meios de comunicação, entendendo-os como espaços (físicos ou simbólicos) nos quais essa rede de vinculação deve operar numa escala socialmente maior do que a da comunicação interpessoal, e refletindo sobre se esses meios têm ou não, de fato, desempenhado esse papel, ou se se tornaram meros espaços funcionais por onde transitam informações assépticas e vazias de sentido, apenas quantitativa e mercadologicamente consideradas”.
ÉCHEVERRIA, Rafael. Ontologia del Languaje. Santiago: J. C. Sáez Editor, 2003.
O autor articula contribuições sobre a linguagem de Nietzsche, Wittgenstein, Heidegger, Maturana, entre outros, para propor uma nova interpretação da linguagem como fenômeno humano. Neste livro, o teórico traz as bases filosóficas que embasam a ontologia da linguagem e aborda temas como: atos linguísticos, julgamentos, escuta, ação e linguagem, conversações, emoções e poder.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 23ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
Para Freire, o diálogo é “uma relação horizontal de A com B. Nasce de uma matriz crítica e gera criticidade. Nutre-se do amor, da humildade, da esperança, da fé, da confiança. Por isso, só o diálogo comunica. E quando os dois pólos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé um no outro, se fazem críticos na busca de algo. Instala-se então, uma relação de simpatia entre ambos. Só aí há comunicação”.
HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Editora Vozes. 2015
O autor problematiza a sociedade do cansaço, que se transmuta na realidade como “sociedade de desempenho” e “sociedade do trabalho”. Para Byung-Chul Han, somos chefes de nós mesmos e esta é uma forma de coerção mais eficiente do que a sociedade do controle. Ele aponta que perdemos a capacidade de dedicar atenção ampla e contemplativa às tarefas, pois somos “animais laborais”, impossibilitados do recolhimento contemplativo. A absolutização do trabalho, para o autor, é uma das grandes engrenagens da sociedade do cansaço: uma sociedade hiperativa que, na verdade, é hiperpassiva, porque não se permite mais pensar; e o pensamento seria a mais ativa atividade. Ele afirma a necessidade do tempo intermediário, sem trabalho; e de resgatar a celebração, a festa, o belo e o divino no cotidiano e na política.
HONORÉ, Carl. Devagar. Editora Record. 2005
Considerado a “bíblia” do Movimento Slow, o livro do jornalista escocês problematiza a velocidade como regra e apresenta a ideia de “tempo giusto”. Devagar não é ser lento, mas dedicar às coisas o tempo que elas precisam. Os capítulos do livro trazem “aplicações” do conceito de slow nas cidades, na medicina, na criação de filhos e na alimentação.
MARCONDES FILHO, Ciro. Nova teoria da comunicação, v. 1: o rosto e a máquina: o fenômeno da comunicação visto dos ângulos humano, medial e tecnológico. São Paulo: Paulus, 2013. Coleção comunicação. Comunicação não tem nada a ver com transmissão, transferência, transporte, trânsito, repasse ou similares, pois todas essas definições supõem a ideia de que algo vai de uma pessoa a outra (…) Não existe esta materialidade, porque o que sai de mim, como fala, expressão, obra, música, toque, chega ao outro como coisa diversa, que eu jamais poderei saber o que é”. A comunicação é isso e apenas isso: a capacidade de romper a redoma de nós mesmos, o círculo fechado de nossa autossuficiência, e buscar o outro, reconhecer sua alteridade, sua especificidade, sua diferença em relação a mim, sua estranheza. O diálogo é a primeira forma de comunicação humana. O termo significa “palavra que atravessa”, que liga as pessoas envolvidas numa conversação. É um fio, uma instância invisível, mera sensação, um fluxo de energias que circunda duas ou mais pessoas. Para ter efeito, é preciso que no instante preciso do seu acontecimento haja imersão total dos agentes na relação. O diálogo (…) é aquilo que dá condições à comunicabilidade, algo que ocorre entre as pessoas, é o tecido comum da interação.
MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
O autor traz sua perspectiva da Biologia do Conhecimento e da Biologia Cultural para refletir sobre a educação, as emocionalidades, a ética do atuar humano e as relações sociais. Seus questionamentos sobre e a partir da situação do Chile no final da década de 1980 são importantes para cuidarmos da construção de relações humanas democráticas.
MATURANA, Humberto. A ontologia da realidade. Belo Horizonte: UFMG, 2014.
Coletânea de artigos do pensador chileno, organizada por Cristina Magro, Miriam Graciano e Nelson Vaz, que traz o alicerce da Biologia Cultural e conceitos que fundamentam sua visão da fenomenologia do ser humano. Fala do amor como emoção que sustenta a vida humana, bem como suas relações, linguagem e fenômenos sociais e culturais.
PINO, Claudia Amigo; ZULAR, Roberto. Escrever sobre escrever – uma introdução crítica à crítica genética. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
Um livro sobre literatura e de crítica literária na perspectiva da crítica genética, uma abordagem dedicada a processos criativos de escritores, sobretudo debruçando-se sobre análise de seus manuscritos. Traz questionamentos e desdobramentos teóricos sobre práticas e espaços de escrita, sobre a função-autor, entre outras.
REVISTA Criação e Crítica n. 12 – Eu voltei! – o autor depois de morte ou novas formas de estudar a autoria. São Paulo, jun. 2014. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/criacaoecritica>
Revista acadêmica de literatura e crítica literária traz edição temática com artigos de pesquisadores sobre a questão da autoria.
ROSA, Hartmut. Alienação e aceleração: esboço de uma teoria da temporalidade moderna
tardia. Alienation and Acceleration. Towards a Critical Theory of LateModern
Temporality. Malmö/Arhus: NSU Press, 2010. Título ainda sem tradução
oficial para o português.
O autor parte da definição do que seria uma vida plena para pensar os vetores de aceleração da sociedade atual. A aceleração é técnica; é do ritmo de vida; e das mudanças sociais; e reverbera no espaço, nas relações sociais e no mundo material. Rosa explora os motores de desaceleração que podem “frear” estas engrenagens.
ROMANO, Vincente. Ecología de la comunicación. Hondarribia: Argitaletxe
Hiru, 1998
Voltada para o campo da comunicação, a obra analisa a crise sistêmica e a ecologia como uma atitude cognitiva e prática necessária para recobrarmos o corpo como mídia primária, na perspectiva da convivência. O corpo está colonizado pelas mídias e tecnologias e é preciso descolonizá-lo. Nesse sentido, pensa-se nas noções de ecotempo e biotempo.
SODRÉ, Muniz. As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
Nesta obra, o autor se questiona sobre a possibilidade de existência de uma potência emancipatória na dimensão do sensível, do afetivo ou da desmedida para além dos “cânones limitativos da razão instrumental”. Ele resgata a dimensão do sentir para o comunicar, afirmando a urgência de uma outra posição interpretativa para a comunicação.
WOLTON, Dominique. Informar não é comunicar. Porto Alegre: Sulinas, 2011.
Wolton aponta que vivemos em um excesso de expressividade, mas não de comunicação. “A velocidade da informação, muitas vezes, impede o aprofundamento, tendo como consequência a simplificação, o excesso de clichês e de estereótipos”. Para o autor, a pressa – em detrimento da compreensão de acontecimentos cada vez mais complexos – faz com que haja cada vez mais informação, mas uma informação que circula sem checagem e apuração. Para Wolton “a velocidade da informação pode se tornar uma arma fatal na medida em que o entendimento do outro necessita de tempo e lentidão a fim de superar os estereótipos múltiplos e construir um mínimo de convivência cultural”.