Especialistas explicam por que brincar é coisa séria

O título não é um eufemismo. Brincar é mesmo coisa séria. Tanto que um dos nossos entrevistados, o professor Lino de Macedo, especialista em psicologia educacional e desenvolvimento humano, comparou a importância da brincadeira com a da alimentação e da higiene nos bebês. Original no site Tempo Junto.

Esta certeza é que nos move no Tempojunto. Mais uma vez, brincar é coisa séria e é nossa responsabilidade como pais permitir que as crianças brinquem. Brinquem conosco, sozinhas, com outras crianças. Brinquem desde o início da vida e continuem brincando aos 7, 10 ou 15 anos (e que a gente continue brincando com elas, porque as crianças precisam que os pais façam parte da brincadeira, mesmo depois de grandes). Brinquem com caixas de papelão, com brinquedos caseiros, com brinquedos comprados, com árvores e computadores – um pouco de tudo, sem exagero de nada. Brinquem no tempo delas e não no nosso. Brinquem por brincar, sem precisar mostrar o resultado da brincadeira.

E toda esta introdução quase poética é para apresentarmos um apanhado das entrevistas que fizemos em 2015 dentro da nossa coluna “A Importância do Brincar”. Começamos a procurar estes experts para dar base e sustentação científica ao que eu (Patcamargo) e a Patricia Marinho sabíamos empiricamente. Acabou que conhecemos tanto mais que não dava para guardar estes tesouros de informação só prá gente. Por isso compartilhamos com você.

Leia, assista, ouça estas entrevistas com calma. Um pouco por dia ou semana. Vale muito à pena.

A doutora da TV

A pediatra Ana Escobar ficou mais conhecida entre os papais e mamães quando começou a escrever para a revista Crescer, da editora Abril. Também podemos vê-la no programa Bem Estar, na Rede Globo. Mais do que a doutora da TV, Ana atende várias famílias em seu consultório e tem uma incrível experiência com os resultados práticos da brincadeira na saúde física das crianças.

No restante da conversa a Dra. Ana falou sobre os benefícios neurais da brincadeira, o papel dos pais e polêmicas como o uso de aplicativos. Vale ler inteirinha.

Tudo bem explicadinho

Entender exatamente o B-A-BÁ da importância de brincar foi o objetivo da nossa entrevista com a psicoterapeuta Patricia Garcia. Ela explicou que a brincadeira é uma “chave de ouro” para entender as crianças. Por meio dela, podemos saber como está o desenvolvimento, quais os questionamentos, o comportamento e as soluções que elas encontram para os acontecimentos do dia a dia. Quer caminho melhor que este para conhecer nossos filhos?

Eu também achei incrível como ela explicou com muita clareza os tipos de brincadeiras, o papel do adulto e tocou num tema que já rendeu muita discussão: a relação entre a brincadeira com armas e a agressividade das crianças.

Aproveite a assista também aos outros trechos da entrevista para o Tempojunto. Eu fiquei ainda mais convencida da importância do brincar.

O Apego de um pai para outras famílias

Você já ouviu falar em criação com apego? Eu desconhecia este termo até conversar com nosso segundo entrevistado da série sobre Importância do Brincar. O Thiago Queiroz é o responsável pelo blog Paizinho, vírgula, e conversa com todos os que concordam que o papel do pai é bem mais que dar “apoio moral” às mães na educação dos filhos.

O papo com ele foi incrível por vários aspectos: primeiro porque o Tempojunto não é para mães. Mas para qualquer um que esteja por perto de uma criança, especialmente quem responde por seu desenvolvimento. E o pai está nesta linha de frente. Segundo porque – vamos ser sinceras – somos mulheres escrevendo no Tempojunto e conversa de homem tem um “quê” diferente mesmo.

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Então, pode ler sem vergonha mesmo para sacar como os pais enxergam a importância de brincar.

Tapa com luva de pelica

É. Se prepare quando você for ler a entrevista com o Lino de Macedo (já falei dele no começo deste post). Talvez você leve um tapa com luva de pelica, como eu levei durante nossa conversa. São dele afirmações como a que a atitude lúdica precisa estar presente na forma como o adulto lida com a criança no dia a dia, mas isso não significa ser “um palhaço” o tempo todo. Ou que “quanto mais a criança ‘da trabalho’ mais ela precisa de um adulto lúdico, leve, que abraça perto dela”. E “Brincar com o filho não tira autoridade dos pais nos momentos de seriedade e educação.” A que mais choca, porém, é “muitos adultos não sabem brincar, só sabem comprar brinquedos”.

Mas não se intimide com isso. A entrevista é bárbara e ensina muita coisa, como a necessidade de a criança brincar desde bebê e ainda manter a brincadeira também com o adulto mesmo depois de grande.

A brincadeira ajudando a salvar o mundo

Eu fiquei super contente de termos conseguido a entrevista com a Carolina Velho, consultora na área de Sobrevivência e Desenvolvimento Infantil da Unicef. Exatamente, a brincadeira é parte da estratégia da Unicef de sobrevivência das crianças em situação de risco.

Quer motivo melhor para dar a devida importância ao brincar?

Importância do brincar na visão da Unicef - Carolina Velho

Na entrevista, Carolina também fala sobre o trabalho do Unicef no Brasil para garantir o direito de brincar das crianças em casa e nas creches e escolas.

A brincadeira é parte da defesa dos direitos da criança se desenvolver plenamente

Tem duas instituições às quais estamos sempre próximos e que nós do Tempojunto admiramos profundamente. Ambas por serem faróis do desenvolvimento infantil, tanto do ponto de vista acadêmico e de pesquisa sobre o assunto, quanto de apoio a iniciativas relacionadas ao tema. Uma é o Instituto Alana, conhecido pelo Catraquinha, o filme Tarja Branca, da Maria Farinha Filmes e o Slow Kids. A outra é a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), que realizou a pesquisa que dá base ao Tempojunto, sobre como os pais brasileiros enxergam o desenvolvimento de seus filhos.

Por isso, as entrevistas com a Ana Cláudia Leite, coordenadora de Educação e Cultura da Infância do Alana, e com Anna Maria Chiesa, consultora da FMCSV são muito completas e abordam vários aspectos do desenvolvimento infantil por meio da brincadeira. E mais ainda: afinal, o que diferencia o brincar de um menino e uma menina?

Quanto vale o tempo com os pais hoje para a criança no futuro?

Brinquedoteca aqui, ali e em todo lugar

Nossa, o ano foi incrível mesmo. Tivemos a honra (desta vez fomos eu e a Patricia Marinho rsrsrs) de conversar com nada mais, nada menos, que a criadora da primeira brinquedoteca e do termo brinquedoteca no Brasil, a pedagoga Nylse Helena Cunha. Ela desenhou um panorama da evolução das brinquedotecas e das casas de brincar desde os anos 80 até hoje. Posso falar que é muito útil para nós pais sabermos como avaliar se um espaço para brincar no prédio ou na escola é bem feito.

Ela lamenta que ainda hoje existam crianças que nascem curiosas, mas são tolhidas em sua necessidade de descoberta desde bebês e chegam à escola sem vontade de descobrir e conhecer mais nada. E o responsável por isso, Nylse aponta, é o mundo de “nãos” que a criança vive em casa por falta de um ambiente pensado para ela. “Temos que favorecer e soltar a criança para suas descobertas nos ambientes onde se encontra. Mexer no que tem vontade, com bom senso”, afirma.

No papo ela ainda fala sobre as linhas de educação Montessori, Waldorf e Reggio e explica como nossa casa pode se transformar num espaço lúdico, de curiosidade e desenvolvimento das crianças.

Políticas públicas podem garantir a brincadeira

Depois de conversarmos com acadêmicos e especialistas em desenvolvimento infantil, quisemos entender como a importância da brincadeira é entendida no meio de duas “entidades” presentes na vida de todos nós, o governo e a escola. Com a ajuda da FMCSV identificamos várias prefeituras que tinham iniciativas concretas em favor do desenvolvimento da criança na primeira infância (de 0 a 6 anos). Ou seja, lugares em que você pode contar com a ajuda do governo para garantir, por exemplo, que a brincadeira esteja presente na creche ou na escola que seu filho freqüenta, ou que haja locais próprios, seguros e estruturados para que você possa brincar tranquilamente com seu filho.

Convidamos, então a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, para conversar sobre como os políticos trabalham para que o brincar seja levado em conta. No final da conversa, eu saí com a sensação que o caminho ainda é longo para até que a brincadeira entre efetivamente na agenda pública, mas há iniciativas que podem inspirar mais e mais.

Brincar precisa de tempo

Quando fomos conversar com Marcelo Bueno, que é pedagogo, colunista da revista Pais e Filhos, atualmente dá palestras sobre o desenvolvimento infantil enquanto é diretor na sua escola Estilo de Aprender, em São Paulo, a pauta mudou um pouco de rumo e falamos sobre algo que nos angustia: o tempo. Enquanto a maioria de nós sofre por ter pouco tempo para os filhos (e menos, ainda para brincar), alguns também sentem pelo contrário. Tempo demais que as crianças usam em frente ao computador ou TV em lugar de brincar.

Marcelo deu dicas para encontrarmos tempo e aproveitarmos o que está disponível. Você vai aproveitar muito. Ah! Claro, falamos também sobre escola e a capacidade de brincar que os professores oferecem.

Prescrevendo o brincar

Natércia Tiba é psicodramaticista o filha do psicólogo Içami Tiba (autor de “Quem Ama Educa”). Com mais de 10 anos de atendimento à famílias, ela nos contou como é na prática o trabalho de prescrever a brincadeira para resgatar o vínculo entre os membros da família.

O restante do post é um aula muito esclarecedora sobre a brincadeira no cotidiano da família. Além de usar a informação para você, dá até para dar umas dicas para os amigos.

Neste ano de 2016 a coluna Importância do Brincar continua, mas de outro jeito. Queremos responder às suas dúvidas sobre desenvolvimento infantil e como a brincadeira pode te ajudar com as mais diversas situações do dia a dia. Então, deixe sua dúvida aqui nos comentários, que nós vamos perguntar a um super especialista e trazer a resposta para você.

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