Conheça estratégias para livrar-se das atribulações típicas da vida moderna, retomar o controle e curtir ao máximo cada momento. Leia o artigo original aqui.
“A vida se desenvolve num ritmo tão acelerado, que parece passar por nós sem que consigamos realmente aproveitá-la”. É assim que o escritor Leo Babauta, autor de “The power of less” (sem versão no Brasil), define uma das angústias mais comuns do nosso tempo: a aparente falta de controle sobre a velocidade dos acontecimentos. Afinal, como serenar a mente, enquanto vemos tudo se movendo de maneira tão rápida? Como curtir o momento, sabendo que tantas obrigações aguardam por nós? Como respirar com calma, se o tempo parece escorrer entre os dedos? O resultado de tantas inquietações costuma ser ainda mais ansiedade e correria, com cada vez menos domínio sobre nós mesmos. Vamos adiando a felicidade em nome da próxima tarefa que a vida nos impõe, enquanto o tempo segue seu curso, transformando-nos em meros espectadores de nossas histórias. Mas tem solução.
Dedicando-se a compartilhar maneiras de driblar as atribulações cotidianas e viver de forma mais “zen”, Leo Babauta compendiou dez regras essenciais para quem deseja desacelerar e aproveitar mais a vida. “É uma ironia da vida moderna”, diz o autor, analisando: “Enquanto novas tecnologias surgem o tempo todo para nos poupar tempo, nós usamos esse tempo para fazer cada vez mais coisas, e assim nossas vidas ficam mais aceleradas e agitadas do que nunca”. Segundo ele, a solução é rebelar-se contra esse estilo de vida e desacelerar o próprio ritmo, retomando o controle para aproveitar o tempo da melhor maneira possível.
Uma vida em ritmo mais lento, explica Babauta, “significa encontrar tempo para aproveitar suas manhãs, em vez de sair correndo para o trabalho; significa aproveitar o que você está fazendo, apreciar a natureza, prestar atenção de verdade na pessoa com quem você está falando ou passando tempo – em vez de ficar sempre conectado a um dispositivo eletrônico ou pensando sobre sua fila de obrigações e e-mails; significa fazer uma coisa de cada vez, ao invés de alternar entre inúmeras tarefas e não focar em nenhuma”. Conforme o escritor, desacelerar é uma escolha necessariamente consciente (embora nem sempre fácil) que leva a uma maior apreciação da vida e a maiores níveis de felicidade. Se é isso que você procura, confira os “dez mandamentos” que ele reuniu:
Faça menos coisas. É difícil desacelerar quando você está tentando fazer um milhão de coisas. Em vez disso, abrace a opção consciente de fazer menos. Foque-se no que é realmente importante, no que realmente precisa ser feito, e largue o resto. Deixe espaço entre tarefas e compromissos, de maneira que você possa viver seus dias num ritmo mais prazeroso. Leia mais.
Esteja presente de verdade. Não basta desacelerar – você precisa estar efetivamente atento ao que faz em cada momento. Ou seja: quando perceber que está pensando em outra coisa, transporte-se de volta para o tempo presente. Ponha foco sempre no que está acontecendo no próprio instante: nas suas ações, no seu ambiente, nos outros à sua volta. Conquistar isso exige alguma prática, mas é fundamental.
Desconecte-se. Não fique o tempo todo “online”. Se você leva um smartphone ou outro dispositivo móvel para lá e para cá, desligue-o. Ou, melhor ainda, aprenda a ficar sem ele quando possível. Se você trabalha diante de um computador na maior parte do dia, faça intervalos de desconexão para pôr o foco em outras coisas. Permanecer online o tempo todo é algo que nos sujeita a interrupções, nos estressa com o fluxo de informações constante e nos faz reféns das demandas dos outros. É difícil desacelerar quando se está sempre verificando novas mensagens!
Concentre-se nas pessoas. Frequentemente passamos tempo com amigos e familiares, ou nos reunimos com colegas, mas não estamos realmente com eles. Conversamos, mas seguimos distraídos com nossos dispositivos móveis. Estamos lá, mas nossas mentes se ocupam de tarefas pendentes. Escutamos, mas não pensamos direito sobre nós mesmos ou sobre o que queremos dizer. Ninguém é imune a isso, mas com um esforço consciente é possível desligar o mundo externo e vivenciar apenas o momento e estar presente para as pessoas ao redor. É preciso se conectar com elas, em vez de apenas as encontrar.
Aprecie a natureza. Muita gente fica presa em casa, no escritório, no carro ou no transporte coletivo a maior parte do dia, tendo pouco tempo ao ar livre. E, mesmo na rua, as pessoas seguidamente ocupam-se ao telefone. Em vez disso, tire tempo para sair e realmente observar a natureza. Inspire profundamente o ar puro, aprecie a serenidade da água e do verde. Quando possível, faça exercícios ao ar livre ou descubra outras atividades em que possa aproveitar a natureza, como caminhadas, trilhas e natação. Experimente as sensações da água, do vento e da terra em sua pele. Tente fazer isso diariamente, sozinho com quem você ama.
Coma mais devagar. Em vez de enfiar comida goela abaixo o mais rápido possível (o que acaba levando a comer demais e aproveitar muito pouco), aprenda a fazer suas refeições devagar. Preste atenção a cada mordida. Aprecie os sabores e as texturas. Além de proporcionar saciedade (permitindo que você se satisfaça com porções menores), comer lentamente faz com que os alimentos tenham mais sabor. Outra boa pedida é aprender a consumir “comida de verdade”, com pimentas incríveis para dar sabor, em vez de sal, gordura e frituras.
Dirija mais devagar. Correr no trânsito é um hábito muito comum no nosso mundo acelerado, mas também provoca acidentes, stress e desperdício de combustível. Crie o hábito de desacelerar quando dirige. Aprecie a paisagem, ainda que urbana. Dedique esse momento a contemplar sua vida e as coisas pelas quais você está passando. Dirigir se tornará mais aprazível e muito mais seguro. E você ainda vai gastar menos combustível!
Encontre prazer em qualquer coisa. Isto tem a ver com “estar presente de verdade”, mas incorpora um passo a mais. Não importa o que você esteja fazendo, assegure-se de estar completamente presente – e também valorize cada aspecto disso, encontrando facetas prazerosas. Por exemplo: se estiver lavando a louça, em vez de fazer isso rápida e mecanicamente, como uma tarefa tediosa que deve ser terminada logo, aprecie as sensações da água, da espuma e da própria louça. A tarefa se tornará prazerosa se você aprender a vê-la dessa maneira – e isso se aplica a qualquer coisa que você faça. A vida será muito mais agradável se você dominar este hábito simples.
Faça uma coisa de cada vez. Não se orgulhe de ser “multitarefa”. Foque-se em uma coisa de cada vez. Quando você sentir a necessidade de alternar para outras tarefas, pare, respire e contenha-se.
Quando você perceber que está acelerando e se estressando, pare e respire – lenta e profundamente – de duas a três vezes. Sinta de verdade o ar entrando no seu corpo (e o stress saindo). Concentrando-se para valer em cada respiro, você se transporta de volta ao momento presente e desacelera. Que tal experimentar agora mesmo?
Fonte: Revista R