Pesquisa sobre Cronomeritocracia é destaque no Contente.vc

Reproduzimos o texto do post do Contente.vc sobre a noção de cronomeritocracia, que Michelle Prazeres cunhou na sua pesquisa sobre aceleração social do tempo.

10,4 horas: esse é o tempo gasto semanalmente em tarefas relacionadas à limpeza e à organização da casa por meninas, a partir dos 14 anos, e mulheres de todas as idades no Brasil, segundo o IBGE. Do outro lado, no trabalho formal, um funcionário que depende de transporte público no Brasil passa até 2 horas para ir e voltar do emprego.

Só com esses dois dados já dá pra questionar: você acha mesmo que todo mundo tem as mesmas 24 horas para gerir o próprio tempo?

Foi para responder a essa pergunta que Michelle Prazeres, jornalista, pesquisadora de desaceleração e fundadora do Instituto Desacelera (@desacelerasp e @institutodesacelera) , criou o conceito de “cronomeritocracia”, que, além de combater a ideia de que todo mundo tem as mesmas condições de relação com o tempo, define marcadores sociais (raça, classe, gênero) como importantes fatores de como lidamos com esse recurso.

“Esse mesmo mundo que convence que as pessoas podem ser empreendedoras de si, que diz que dá pra você se organizar porque todo mundo tem as mesmas 24 horas, esquece que a aceleração – assim como a desaceleração – não é uma coisa que fazemos sozinhos, mas parte de condições que são sociais. Como uma mãe que mora na periferia, que depende de transporte público e exerce o trabalho do cuidado integral com os filhos vai desacelerar, por exemplo?”

Dentro de todo esse contexto, Michelle nos explica que pensar desaceleração é, antes de tudo, pensar em mudanças estruturais: “O desacelerar está conectado com outras agendas sistêmicas: do bem-viver, do decrescimento, do ecofeminismo e por aí vai. No âmbito individual, as ações de recuperar o sentido, de a gente lembrar que é gente, é importante. Mas o desacelerar entende que isso só é possível se a gente faz coletivamente.”

No álbum, você confere mais informações sobre a discussão. Agora, conta pra gente: para onde vai a maior parte do seu tempo? Trabalho formal, doméstico, deslocamento, telas? E você já acreditou no mito de que o tempo é um recurso igual pra todo mundo?