Michelle Prazeres é jornalista, professora e idealizadora do Desacelera SP. O estilo de vida mais desacelerado entra em cena na sua história junto com os nascimentos de seus filhos.
Estudar sobre a humanização do parto e o sagrado feminino a aproximou de uma vertente do Movimento Slow, que relaciona-se com o corpo, os tempos da natureza e a vinda de uma criança. “Isso ficou ainda mais profundo com a chegada do meu segundo filho. Então, há cinco anos atrás, criamos o Desacelera’’, explica.
Pensar em São Paulo é pensar em correria. É possível o Movimento Slow ganhar palco na maior cidade da América Latina? O Desacelera SP faz com que sim: “É importante alertar as pessoas que elas podem sair do automático. O desacelerar tem a ver com se perguntar quando a velocidade faz sentido e quando ela não faz. Do ponto de vista coletivo, a gente precisa de uma sociedade que pise no freio’’, esclarece Michelle.
O projeto atua na “formação e reflexão, mobilização e ativação de rede; e produção e curadoria de conteúdo relacionado ao universo do slow’’. O papel do Desacelera é forte em São Paulo. Sobre isso, Michelle conta que, a partir de depoimentos que recebe, é possível observar que as pessoas aderem ao movimento porque algo muito extremo já aconteceu com elas. “Recebemos relatos de pessoas que viveram uma doença, uma situação de quase morte, sofreram um acidente ou que perderam alguém muito querido. São situações que levam as pessoas a pensarem nas suas escolhas de tempo e no tempo como sinônimo de vida. Tempo é vida”, atesta.
“Nós, do Movimento Slow, falamos que as pessoas não precisam deixar chegar a essas situações para pensarem na relação delas com o tempo. A gente não precisa esperar toda a sociedade adoecer para pensar que essa relação que a gente vem tendo com o tempo é insustentável, especialmente nas grandes cidades.’’
Além disso, o Guia Desacelera SP apresenta os lugares na capital paulistana que relacionam-se com o movimento. Michelle Prazeres também é responsável pelo Dia Sem Pressa, primeiro festival de cultura slow no Brasil, e é apresentadora do podcast Desacelera.
Mas a iniciativa, como diz a própria Michelle, precisa ser mais do que uma prescrição, e sim um manifesto para toda sociedade. Fomenta no seu cotidiano e no de muitos outros um ritmo mais saudável: “É possível a gente ter mais consciência em nossas escolhas com o tempo. Ficar mais perto da natureza, valorizar a infância como o tempo do brincar, não antecipar as outras fases da vida, ver na saúde uma questão do bem estar, ter uma relação mais saudável com as telas e as tecnologias, de modo que você tenha as rédeas dessa situação e não se sinta refém dos dispositivos”.
Veja a matéria escrita pela repórter Vitória Prates para o Her Campus, site de mídia nº 1 para universitárias, escrito inteiramente por jornalistas universitárias de todo o mundo.
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