O Desacelera SP está apoiando a articulação de um grupo de escrita afetiva.
As reuniões acontecem mensalmente em São Paulo.
Na reunião de hoje, vamos conversar sobre o sentido da escrita afetiva para cada integrante.
Abaixo, o texto que escrevi para participar da conversa. 😉
Para saber mais sobre escrita afetiva, acesse aqui.
A escrita afetiva é a construção onde deságuam tantos os movimentos…
De comunicar.
De relacionar.
De construir redes e pontes.
De agregar.
De valorizar o humano das pessoas.
Os vínculos. Os afetos. As conexões.
A humanidade. De ver beleza no humano. De ver divindade nas pessoas. De ver humanidade nas coisas. E descoisificar a vida. E de ver o invisível. Estes fios que tecem as relações.
E o nomear.
E quando nomear, não encaixotar em um sentido único. Mas libertar em sentidos múltiplos, que vão além da observação e da racionalidade.
Pensar o olhar.
Sentir o olhar. Transformar o olhar.
Sentidos que às vezes são tão íntimos, que provocam identificação com quem entra em contato com algo produzido deste jeitinho de fazer que a gente ainda não sabe se é uma lente, uma postura, um manto ou uma aura.
Mas é algo que envolve. Está contido em nós e nos contém quando nos propromos à tarefa de lançar este olhar de desolhar e reolhar. Para rever e reconhecer. Para envolver. Para relacionar.
É conter este olhar e olhar, refletindo sobre como este olhar vai se construindo também na medida em que nos propomos a vestir este olhar para olhar o que está em movimento.
É também deixar-se olhar pelo objeto olhado. E através dele.
Um movimento de profundidade, abertura e generosidade.
Tem sido tão bonito.
Tão tocante tocar.
Tão grande crescer com as vivências.
Tão honroso poder estar neste lugar.
Tão gratificante receber abraços ternos e agradecimentos sinceros por despertar consciência por meio da ativação da comunicação como este processo de reconhecimento e compreensão.
Tão lindo apoiar as pessoas a atribuírem ou reconhecerem significados em coisas simples.
Tem sido emocionante perceber a potência de uma escrita que honra o envolvimento para pensar na relação humana do escrevente e enunciador com o objeto de sua escrita, entendo este objeto como parte (viva) deste ser vivo que olha e é olhado e que está atento a seu olhar.
É perceber o processo que valoriza a consciência da importância de mobilizar afetos, sentidos e humanidades para se relacionar com o objeto da escrita.
Tem sido desafiador construir algo que é divergente.
Que requer tempo, atenção plena, percepção aguçada pelas janelas da visualização além dos olhos em um mundo onde tudo corre e escorre pelas mãos e escapa ao olhar. Porque é fluxo e despista a percepção.
Tem sido poético escrever com tempo para encontrar o texto que pediu para ser escrito e que está em conexão com o belo e com o divino de ser humano e que por isso tem uma poética singular.
Tem sido tocante escrever com tempo para encontrar o corpo no texto; corpo que se relaciona com outro corpo, que toca e envolve objeto, espaço, lugar e tempo.
O corpo toca o escrevente e o escrito e o leitor. Dá arcoragem ao lugar pelo qual vamos nos transformar na escrita que virá em pequenos impulsos.
Tem sido um lindo diálogo escrever o que requer vivência, fluxo e troca para fazer sentido.
É na troca que tomamos consciência das histórias que brotam da (auto)observação.
Tem sido
Tecido